Coisas da Vida

Olá seja bem vindo! Este blog nada mais é do que um espaço do qual sem pretensões ou empáfia, compartilho de coisas que vejo, coisas que ouço, coisas que vivencio, nesta jornada existencial!

terça-feira, 3 de abril de 2012

“Como falar com Deus?”

Inquietos com o mundo religioso ocidental onde, enfatiza tantas as exigências rigorosas de um Deus difícil de ser agradado. A espiritualidade que se difunde e prevalece atualmente oprime as pessoas com fardos pesados. A cada dia multiplicam-se pelo Brasil igrejas que não deixam as pessoas esquecerem suas dívidas perante um Deus implacável na defesa de sua lei. Diante dessas circunstâncias nos propomos a pensar na musica que Gilberto Gil compôs nos anos 80 que se chama “Se eu quiser falar com Deus” vejamos o que diz a letra da música:

“Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós / Tenho que apagar a luz / Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz / Tenho que folgar os nós / Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios / Tenho que esquecer a data / Tenho que perder a conta / Tenho que ter mãos vazias / Ter a alma e o corpo nus

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor / Tenho que comer o pão / Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão / Tenho que lamber o chão /Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho / Tenho que me ver tristonho / Tenho que me achar medonho / E apesar de um mal tamanho / Alegrar meu coração
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar / Tenho que subir aos céus / Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus / Dar as costas, caminhar / Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada / Nada, nada, nada, nada / Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar.”

                                                                                                                        Gilberto Gil
                                                                                                                                    1980.

Se eu quiser falar com Deus, é um clássico da MPB (Música popular brasileira), escrita por Gilberto Gil em 1980, segundo ele, foi escrita a pedido de Roberto Carlos. No livro "Gilberto Gil - Todas as Letras", Cia. das Letras - Ed. Schwarcz, editado em 1996, organizado por Carlos Rennó,  Gil faz o seguinte comentário sobre a letra da música:
"O Roberto (Carlos) me pediu uma canção: do que eu vou falar? Ele é tão religioso -  e se eu quiser falar com Deus? E se eu quiser falar de falar com Deus? Com esses pensamentos e inquirições feitas durante uma festa, dei início a uma exaustiva numeração: se eu quiser falar com Deus tenho que isso, tenho que aquilo, que aquilo outro. E saí. À noite voltei e organizei as frases em três estrofes.
O que chegou a mim como tendo sido a reação dele, Roberto Carlos, foi que ele disse que não era a idéia de Deus que ele tem. Alí, a configuração não é a de um deus nítido, com um perfil claro, definido. A canção (mais filosófica, nesse sentido, do que religiosa) não é necessariamente sobre um deus, mas sobre a realidade última: o vazio de Deus - o vazio-Deus.".
O poema possui 36 versos, dos quais o autor enumera uma série de ritos ou atitudes que se deve tomar para conseguir acesso a Deus.
Profundo conhecedor do misticismo e da religiosidade, Gilberto Gil alude nessa letra estupenda a vários preceitos esotéricos da relação do homem com a divindade. Aparecem conceitos da meditação contemplativa como a ensinam o Tao Te Ching, o bramanismo, o budismo e até mesmo o misticismo cristão: silêncio interior e exterior, concentração plena, vazio interior, humildade, auto-aceitação, renúncia de desejos e expectativas. Tudo com a promessa de que a experiência com a divindade é sempre surpreendente e supera a imaginação humana.
Esses ritos e atitudes são apresentados em caráter de exigência pela palavra “Tenho que”, que implica necessidade, diretivas postulados e não sugestões ou possibilidades.
Podemos destacar nessa música duas palavras chaves que são “Tenho que” e “Nada”. A repetição (treze vezes) da palavra “nada” expõe a qualidade e a densidade desprovido de objetivos previamente estabelecidos: Deixando apenas o mistério, afastando-nos  de qualquer contexto racional ou predeterminado.
Por tanto segundo a letra da música, para falar com Deus é necessário: “aceitar a dor, comer o pão que o diabo amassou...”, dando uma idéia de autoflagelação, e de atitudes e ritos formais sem os quais não é possível falar com Deus.
Segundo o Evangelho de Mateus vemos a idéia de Jesus sobre como se deve falar com Deus, quando diz: E, quando orares, não sejas como os hipócritas, pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará.” (Mateus 6.5-6). Jesus elimina toda formalidade na pratica da oração; para falar com Deus não existe um método, um modelo ou uma maneira de apresentar-se, para os judeus segundo o seu costume a maneira mais correta de falar com Deus, era em pé nas sinagogas, e Jesus apresenta um novo viés para se comunicar com Deus. Em outro texto Jesus apresenta o que para nós, refuta a idéia que a música trás de ritos religiosos muito pesados a serem pagos e cumpridos caso o contrario não conseguiremos falar com Deus, nem tão pouco ele nos ouvirá, vejamos o que diz o texto que contrapõe a idéia de Gil: Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve”. Portanto falar com Deus é o meio de nos aliviarmos de dores e cargas não de colocarmos cargas pesadas que não pertencem a nós. Roberto Carlos entendeu isso, e segundo alguns críticos depois de 15 anos compôs uma música que se chama: “Quando eu quero falar com Deus” em resposta a música feita por Gilberto Gil. Nessa musica Roberto Carlos expõe sua opinião sobre o assunto: “Falar com Deus”:
“Quando eu quero falar com Deus, eu apenas falo
Quando eu quero falar com Deus, às vezes me calo
E elevo o meu pensamento, peço ajuda no meu sofrimento

Ele é pai, Ele escuta o que pede o meu coração
Quantas vezes falando com Deus, desabafo e choro
E alívio pro meu coração eu a Ele imploro
E então sinto a Sua presença, Seu amor, Sua luz tão intensa
Que ilumina o meu rosto e me alegra em minha oração

Quanta paz, quanta luz
Deus nos ouve, nos mostra o caminho que a ele conduz
Deus é pai, Deus é luz
Deus nos fala que a Ele se chega seguindo Jesus

É tão lindo falar com Deus, em qualquer momento
Deus que vê uma folha que cai e é levada ao vento
Não existe onde ele não esteja e Ele pode escutar nossa voz
Deus no Céu, Deus na terra, onde esteja, está dentro de nós

Quanta paz, quanta luz
Deus nos ouve, nos mostra o caminho que a Ele conduz
Deus é pai, Deus é luz
Deus nos fala que a Ele se chega seguindo Jesus

Quanta paz, quanta luz
Deus nos ouve, nos mostra o caminho que a Ele conduz
Deus é pai, Deus é luz
Deus nos fala que a Ele se chega seguindo Jesus

Quanta paz, quanta luz
Deus nos ouve, nos mostra o caminho que a Ele conduz
Deus é pai, Deus é luz”

Na concepção de Roberto Carlos o ato de falar com Deus não precisaria de tantos condicionamentos. Aliás, muitas vezes, sequer necessitaria falar alguma coisa. Bastaria elevar o pensamento; pedir ajuda aos seus sofrimentos; desabafar com Ele que, por si só, isto já traria um alívio para a alma. Na realidade, Ele já sabe o que pede o seu coração, pois está em todos os lugares, está dentro de nós, segundo a canção.
O teólogo Leonardo Boff, no livro: “A oração no mundo secular” p.33, faz a seguinte pergunta e afirma: “Não é a oração um encontro com Deus? Para dizer um sim a Deus não precisamos encontrá-lo face a face. Basta reconhecê-lo incógnito no sacramento do próximo.”. Boff, ainda cita um grande místico flamengo J. Ruysbroeck (1293-1381): “Se estás em êxtase e teu irmão precisa dum remédio, deixa teu êxtase e vai levar o remédio. O Deus que deixas é menos seguro do que o Deus que encontras”.
Como falar com Deus? Existem muitos pontos de vista e é difícil dar uma resposta satisfatória a tais perguntas, mas, no entanto entendemos que sem oração e meditação a vida humana vai perdendo o sentido profundo e transcendental; por mais que a sociedade hodierna seja vitima do ativismo, não podemos deixar de manter o relacionamento com Deus. Pois se deixarmos de tê-lo seremos frustrados.
Nos desprendamos de formas, ritos cargas e duvidas, pois quando falamos com Deus: Deus não responde ao porquê do sofrimento. Ele sofre junto. Deus não responde ao porquê da dor. Ele se faz homem das dores. Deus não responde ao porquê da humilhação. Ele se humilha. Já não estamos mais sós em nosso imenso desamparo. Ele esta conosco, ao nosso lado. Acabou-se a solidão. Agora prevalece a comunhão. Só se fala com Deus através do coração como diz Antoine de Saint-Exupéry: “Só se vê bem com o coração”.

                                                                                                                                 Pr. Rogério Pinheiro

sábado, 31 de março de 2012

Amor e tristeza!


“Amor é a coisa mais alegre. / Amor é a coisa mais triste./  Por causa dele falo palavras como lanças. /  Amor é a coisa mais alegre. /  Amor é a coisa mais triste./ Amor é coisa que mais quero. / Por causa dele podem entalhar-me,/ sou de pedra sabão. / Alegre ou triste, / amor é a coisa que mais quero.”  (Adélia Prado)

Concordo.  Que coisa melhor poderá haver?
Mas o danado – coisa estranha – é como o vento.  Uma hora vem, outra hora vai, e não há artes no mundo que o possam agarrar.  Como dizia o Fernando Pessoa:  “Leve, leve, muito leve, / um vento muito leve passa, / e vai-se, sempre muito leve...”
Onde é que mora para que possamos buscá-lo?  Sei que mora em algum lugar, mas lá não se pode chegar... Até se pode, mas o jeito ficou desacreditado. 
Amor mora no país das palavras.  Palavras – não são elas “pontes e arco-íris que se estendem sobre coisas eternamente separadas?” Melhor que uma ponte de palavras, arco-íris onde nunca se chega, é um anel.  Diamante.  No dedo, para não sair nunca mais.   Mas o amor não é assim.  Vai e vem.  E é por isso que dói tanto.  Quando vem é a coisa mais alegre.   Quando vai é a coisa mais triste.  Pôr-de-sol.  Mais se parece com uma gota de chuva numa folha de couve, o raio de sol se decompondo nas sete cores do arco-íris.  Mas, tente pegá-la...Tente colocá-la no anel. Quem pega perde.  Vento engarrafado não serve para empinar pipas e nem faz o cabelo voar...Gota de chuva brilhando em folha de couve a gente só pode olhar e se extasiar.  Alguns pensam que o casamento faz o milagre, que é capaz de por a gota de chuva no anel.  Que ele consegue engaiolar o vento.  E até inventaram esta palavra terrível que vamos repetindo sem nos lembrar do que significa: conjugal, com-jugo, sob a mesma canga, como parelha de bois amarrados...Tanta festa com vídeo, todos iguais, diferença só na cor das roupas, a noiva está linda (todas), salgadinhos e champanhe, discurso do pastor que ninguém ouve, os fotógrafos, irreverentes, atrapalhando tudo, o importante é mostrar o álbum colorido, depois.  Mas toda a mágica não adianta.  A gota de chuva ri, o vento dança...   
O amor mora num outro lugar: as palavras.  Por isso que o Milan Kundera diz que começamos a amar uma mulher no momento em que ligamos seu rosto a uma metáfora poética.  Amamos uma pessoa pela poesia que vemos escrita no seu corpo.  Bem diz a Adélia Prado que “erótica é a alma”.  Estranho isso, porque se pensa que o amor mora é no corpo e até se dá o nome de “fazer amor” a união de dois corpos.  Mas o corpo é como a flauta, o órgão, o violão, o violino – coisa que só fica bonita quando dele sai música.  Amamos um corpo pela música que nos faz ouvir.
Amamos uma pessoa pelas palavras que a ouvimos dizer, por vezes em silêncio. A alma ouve as palavras que moram dentro dos olhos: “Como é bom que você existe.  O universo inteiro fica luminoso, por sua causa.  Vou chorar quando você se for.  Terei saudades.  Ficarei com um pedaço arrancado de mim.  Será triste.  Tristeza que não abandonarei por nada, pois ela marca a sua presença, que se foi.”.  Amor não é o prazer que se sente no corpo, é a alegria que se sente na alma.  A gente se sente bonito.  O outro é um espelho onde nos contemplamos, e nos seus olhos a nossa imagem se transfigura.
Mas, aí, sem que se saiba por que, a gota de chuva cai, o vento se vai, e ficamos de mãos vazias.  E só nos resta esperar.  Como esperamos que o ipê floresça de novo.  As flores desapareceram, mas voltarão. Amor é isto: a dialética entre a alegria do encontro e a dor da separação.  De alguma forma, a gota de chuva aparecerá de novo, o vento permitirá que velejemos de novo, mar afora.  Quem não pode suportar a dor da separação não está preparado para o amor.  Porque o amor é algo que não se tem nunca.  É vento de Graça.  Aparece quando quer, e só nos resta ficar à espera.  E quando ele volta a alegria volta com ele.  E sentimos que valeu a pena suportar a dor da ausência, pela alegria do reencontro.
Agora quero falar um pouco sobre tristeza: a tristeza é sempre bela, pois ela nada mais é que o sentimento que se tem ante uma beleza que se perdeu... tristeza é isso: estar diante de um espaço onde um dia houve um encontro. Saber que cedo ou tarde, tudo o que está presente ficará ausente. As pequenas despedias apenas acordam em nós a consciência de que a vida é uma despedida. Tristeza é isto, quando o belo e a despedida se coincidem. O que revela o nosso próprio segredo, dilacerado entre o belo, que nos tornaria eternamente felizes, e os nossos braços curtos de mais para segurá-lo. Bem dizia Goethe: “tudo o que está próximo se distancia”.
Tristeza não é um vazio qualquer é um pedaço arrancado de mim, mutilação do meu corpo. Lembro-me de Álvaro de Campos dizendo da dor que sentia ao ver os navios que se afastavam do cais. “Ah! Todo cais é uma saudade de pedra... todo atracar, todo largar de navio é – sinto-o em mim como meu sangue”. É só agora, Drummond, que compreendo o que você diz no seu poema “Ausência”, onde você afirma não lastimar o espaço vazio. Não deveria ser assim... acontece que, depois da partida, só fica a ferida, ferida que não se deseja curar, pois ela trás de novo à memória o belo que uma vez foi.

Este texto é construido a partir de pensamentos de varios autores, que ousadamente junto nesse pensamento sobre amor e tristeza.

Rogério Pinheiro

domingo, 26 de fevereiro de 2012

ÁGUA DOCE E ÁGUA AMARGA!


ÁGUA DOCE E ÁGUA AMARGA!

      Meus amigos, hoje estou dominado por um mosaico de sentimentos, digo um “mosaico” por não saber distinguir que cor sobressai a outra. É assim um mosaico, cheio de cores, tantas cores que não sabemos se há alguma que sobressai a outra, só sabemos que cada cor compõe o vitral. Nesse meu vitral chamado sentimento existem várias cores. Hoje talvez exista uma que esteja sobressaindo, essa cor eu chamo de cor da surpresa. Sim surpresa! Pois, a cada dia que vivo me surpreendo com algumas pessoas que se dizem piedosas, santas, donas da verdade, puras e imaculadas, que não erram, que são o símbolo de perfeição, que dizem cheias de empáfia: sou mulher ou homem de Deus.
      Diante destas pessoas tão perfeitas tão “santificadas”, fico pasmado, porque em suas atitudes revelam que é o contrario, na verdade são aquilo que Jesus já disse antes: “sepulcro calhados”, hipócritas. Sempre querendo tirar o argueiro nos olhos dos outros e esquecem de tirar a trave que há em seus próprios olhos.
      Acredito ter sido este mesmo sentimento que o Apóstolo Tiago teve ao escrever a carta para todos os cristãos do seu tempo e também do nosso. Nessa carta de Tiago, ele trata de assuntos práticos da vida cristã. Ele fala de pobreza e riqueza, tentação, preconceito, o criticar, orgulho e humildade, oração e fé, o falar e o agir e sobre dominar a língua.
      Tiago nos aponta caminhos para agirmos e vivermos como cristãos, se é que queremos ser cristãos de verdade.
      Permitam-me transcrever trechos do terceiro capitulo da carta de Tiago, pois vejo nele à critica que quero fazer hoje. Vejamos:
      “Meus irmãos, somente poucos de vocês deveriam se tornar mestres na Igreja, pois vocês sabem que nós, os que ensinamos, seremos julgados com mais rigor do que os outros. todos nós sempre cometemos erros. Quem não comete nenhum erro no que diz é uma pessoa madura, capaz de controlar todo o seu corpo. Até na boca dos cavalos colocamos um freio para que nos obedeçam e assim fazemos com que vão aonde queremos. Pensem no navio: grande como é, empurrado por ventos fortes, ele é guiado por um pequeno leme e vai aonde o piloto quer. É isto o que acontece com a língua: mesmo pequena, ela se gaba de grandes coisas.
      Vejam como uma grande floresta pode ser incendiada por uma pequena chama! A língua é um fogo. Ela é um mundo de maldade, ocupa o seu lugar no nosso corpo e espalha o mal em todo o nosso ser. Com o fogo que vem do próprio inferno, ela põe toda a nossa vida em chamas. O ser humano é capaz de dominar todas as criaturas e tem dominado os animais selvagens, os pássaros, os animais que se arrastam pelo chão e os peixes. Mas ninguém ainda foi capaz de dominar a língua. Ela é má, cheia de veneno mortal, e ninguém a pode controlar. Usamos a língua tanto para agradecer ao Senhor e Pai como para amaldiçoar as pessoas, que foram criadas parecidas com Deus. Da mesma boca saem palavras tanto de agradecimento como de maldição. Meus irmãos isso não deve ser assim. Por acaso pode a mesma fonte jorrar água doce e água amarga? (Grifo meu), (Tiago 3.1-11).
      Essa pergunta que o Apóstolo Tiago faz vem para mim hoje com um novo brilho, pois, em nossa caminhada existencial encontramos pessoas que conseguem fazer de suas vidas duas fontes, uma de água doce e outra de água amarga. É como se estas pessoas tivessem dentro de si dois reservatórios, utilizando aquele que lhes convém, dependendo da situação usa-se água doce para lhes favorecer, se não o agrada, água amarga.
      Como pode? Diz Tiago em sua carta. Como pode? Digo eu.
      Na verdade não pode! Pessoas que são de Deus têm de Deus para dar, pois os vossos corações estão cheios de graça e amor.
      Quando alguma pessoa te ofender, dizendo coisas que você não é, te humilhando, te denegrindo, te maltratando dizendo: que você não presta, que não vale apena acreditar em você, investir em você, que conversar com você é perca de tempo, ou que você não é digno. Não se surpreenda como eu, lembre-se da Bíblia que é palavra de Deus, e o próprio Jesus encontrou pessoas como essa que eu encontrei em minha caminhada existencial e que você pode encontrar. E Jesus se referindo a essas pessoas disse: “Ninhada de cobras venenosas! Como é que vocês podem dizer coisas boas se são maus? Pois a boca fala do que o coração está cheio.” (Mateus 12.34).
      Aleluia! Que palavra! Jesus é surpreendente em suas colocações! O que Jesus me ensina nesta palavra é que conhecemos as árvores pelos frutos. Ou seja, quando alguém te ofender com palavras, quando alguém te caluniar, te maltratar, dizendo até que você nunca foi salvo, ou que precisa se converter. Tenha em sua mente esta palavra: não é você que não presta, não é você que precisa de conversão, e sim a pessoa que te disse; porque se ela está te maldizendo é porque no coração dela só tem o mal. Não se surpreenda com esses tipos de pessoas que tem até a cara de piedoso(a), mas que não vivi e ainda não teve a experiência da Graça.
      E se isto acontecer com você, não feche o seu coração ou deixe que estas palavras te tornem amargo. Pelo contrário mostre a diferença, ore por esta pessoa, entregue a Deus, pois para ela ainda há perdão, pois para esta pessoa ainda há salvação.

      Pr. Rogério Pinheiro, posso até ser ofendido e humilhado, mas levo sempre comigo a esperança da Palavra de Deus que diz: “o que a si mesmo se humilhar será exaltado.” (Mateus 23.12).
   

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Um Evangelho Carne e Osso!


Há dias em quê nas minhas inquietudes fico a refletir, sobre a maneira com a qual as pessoas defensoras de uma religiosidade exacerbada, e de uma santidade puritana medíocre, de um pseudo-cristianismo que reflete em um evangelho sem graça e sem vida; toma uma grande proporção. Gerando não discípulos de Cristo nosso Mestre maior, mas fariseus em uma versão atualizada. Acusadores, defensores das “LEIS”, do “EVANGELHO”.
Pergunto então que Evangelho é esse? Que cristianismo é esse? Que Deus é esse?
Não consigo crer em um Deus desses homens cheios de empáfia que dizem: excluam, eliminem, tire do corpo porque pecou, ou porque ele é diferente de nós e pensa diferente que nós. Não consigo crer num Evangelho onde fazem acepções de pessoas. Onde o ser humano não pode ser ele mesmo.
Sabe por quê? Porque eu creio em um Cristo que nos ensina a sermos humanos, a vivermos a nossa humanidade com dignidade, seriedade e respeito. Eu creio em um Deus de amor, que ama e nos aceita como somos, humanos e não divinos. Santos enquanto separados por Ele para ajudar o outro no encontro de sua real identidade, e que enxerga no outro a capacidade de transcender ouvindo e vendo no outro o grito de socorro, socorrendo e sendo socorrido, e nesse encontro com o outro vivermos a unidade na diversidade.
Chega de religião, basta, estou cansando, quero Cristo Emanuel, “Deus conosco” que conhece o ser com todos os seus dilemas, dores, mazelas, decepções, erros e acertos, mas que jamais nos abandona, nos deixando sozinhos, porque sabe quem somos.
Somos seres humanos como expressou o apóstolo Paulo: “Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.  De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Bíblia Novo Testamento: Romanos 7:14-19;24).
Entendeu muito bem Zélia Duncan quando diz em sua música “Carne e Osso”:  
“Alegria do pecado às vezes toma conta de mim
E é tão bom não ser divino
Me cobrir de humanidade me fascina
E me aproxima do céu
E eu gosto de estar na terra cada vez mais
Minha boca se abre e espera
O direito ainda que profano
Do mundo ser sempre mais humano
Perfeição demais me agita os instintos
Quem se diz muito perfeito
Na certa encontrou um jeito insosso
Pra não ser de carne e osso, pra não ser carne e osso.”
Ah queridos somos humanos carne e osso, se entenda como um ser humano. Viva o evangelho mais humano na vida em prol da vida carne e osso.
                                                 
Pr. Rogério Pinheiro, um ser humano de carne e osso.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Ainda Existe Alguém Em Que Se Possa Confiar?


“Essa é uma questão que perpassa na mente de muitas pessoas, que vez ou outra me argúem: vale à pena confiar em alguém? Responder a essa pergunta não é uma tarefa das mais simples. As variáveis são muito grandes e o risco maior ainda. Pessoas são muito complexas e imprevisíveis. Delas se podem esperar tudo. Nunca conhecemos alguém de verdade. Uma pessoa pode sair com uma ação (ou reação) que nunca esperávamos dela. Então, na minha humilde opinião, a resposta é: depende.
Certa feita, eu ouvir em algum lugar nessas rodas de conversas entre amigos a seguinte afirmação: “Quanto mais eu conheço os homens mais eu confio no meu cachorro...”. Bom, é claro que esta afirmação veio embriagada de decepções, pois as vezes nos decepcionamos tanto com as pessoas, que acabamos confiando mais em um animal, que mesmo irracionalmente, nos é fiel. Embora as vezes é até injusto comparar um homem mau caráter a um cachorro, é uma grande ofensa ao bichinho, rsrsrs...
Todavia criar um cachorro dá um trabalho..., Bem eu concordo com Mariano Lorenzoni, quando diz: “Quanto mais eu conheço os homens mais confio nos meus livros”. De fato meus livros não me deixam, dialogam comigo e me ensinam a lidar comigo mesmo e com os outros, são fontes de conhecimentos teóricos que são relevantes para a práxi da vida, sem contar que eles não fazem partes de grupinho, nem fazem distinção de pessoas. “Digo isso porque não paro de me surpreender com a capacidade que as pessoas têm pra inventar motivos para separar, desunir, caluniar, dizerem palavras que nunca foram ditas, a fim de verem os seus semelhantes em uma péssima baixa estima. A dinâmica é a seguinte: você cria um grupinho, que tem em comum alguma característica qualquer que você julga importante. Conforme esse grupinho vai crescendo, vocês descobrem que é divertido criar regras pra julgar quem não faz parte dele, ou impedir, por motivos cientificamente fundados, baseados nos clássicos postulados da teoria do que se dizem donos do saberes da “ética e da moral” que passam por longe do amor que é, e deve ser a célula mater da sociedade, que alguém com algum predicado específico, escolhido conforme a conveniência, não possa fazer parte daquele grupo e, portanto, da sua vida.
Embora pareça, não estou falando especificamente das tribos urbanas, contra as quais não tenho nada (e a favor das quais tenho menos que nada). Digo de quase todos os tipos de associações que o ser humano foi capaz de inventar. De rodinha de amigos na praça a partido político.
Não tenho nada contra que as pessoas se dividam em grupos de interesse comum. O que me incomoda é a atitude fanática e medieval de separar as pessoas em "presta" ou "não presta". Principalmente quando se usam critérios sem nenhuma lógica, como a religião.
Felizmente, tem gente que com sua história de vida me deixa mais tranquilo, sabendo que a sensatez ainda tem lugar em alguns pontos do planeta. Pessoas como você que concorda com este singelo texto. Texto este que nada mais é do que uma cocha de retalhos, um verdadeiro mosaico de pensamentos de muitos outros que escreveram e pensaram essas coisas antes de mim.
Termino este texto guardando a minha fé, a fé que me faz otimista de mais, na crença sem utopia, de que o bom senso ainda há de reinar, e que as pessoas respeitarão mais as outras em suas escolhas em sua forma de ser e de viver a vida. Por esta minha fé ainda creio que há pessoas em que podemos confiar!


por: Rogério Pinheiro